terça-feira, setembro 08, 2009






De ponta cabeça, sinto a terra úmida sob meus pés...

Anuviada, minha visão é nítida:

vê meus sentidos equilibrarem-se sobre o picadeiro,

dançarem com as cordas

e penderem firmes, como se a certeza fosse apenas uma miragem...



Vai Saber?

Adriana Calcanhotto

Não vá pensando que determinou

Sobre o que só o amor pode saber

Só porque disse que não me quer

Não quer dizer que não vá querer

Pois tudo o que se sabe do amor

É que ele gosta muito de mudar

E pode aparecer onde ninguém ousaria supor

Só porque disse que de mim não pode gostar

Não quer dizer que não tenha do que duvidar

Pensando bem, pode mesmo

Chegar a se arrepender

E pode ser então que seja tarde demais

Vai saber?

Não vá pensando que determinou

Sobre o que só o amor pode saber

Só porque disse que não me quer

Não quer dizer que não vá querer

Pois tudo o que se sabe do amor

É que ele gosta muito de se dar

E pode aparecer onde ninguém ousaria se pôr

Só porque disse que de mim não pode gostar

Não quer dizer que não tenha o que considerar

Pensando bem, pode mesmo

Chegar a se arrepender

E pode ser então que seja tarde demais

Vai saber?

Vai saber?

Vai saber?

Não vá pensando que determinou

Sobre o que só o amor pode saber

Só porque disse que não me quer

Não quer dizer que não vá querer

Pois tudo o que se sabe do amor

É que ele gosta muito de jogar

E pode aparecer onde ninguém ousaria supor

Só porque disse que de mim não pode gostar

Não quer dizer que não venha a reconsiderar

Pensando bem, pode mesmo

Chegar a se arrepender

E pode ser então que seja tarde demais...

Música de Adriana, pintura de Miró (Os Poetas).


Impresso

8 de setembro de 2009



Entre as margens, a tinta se arrisca. Quer impressionar e se pergunta a quem.

Quem entre margens tão estreitas perder-se-ia?

Quem arriscar-se-ia por mundo tão opaco e sem cor?

As regras do papel afrontam a tinta, presa às linhas, perde-se no querer expressar...

O que se expressa? O que é expresso?

As cores do lado de fora não importam,

aqui, onde resta silêncio, "introspecto" e o expresso

é marca que não se publica, implícita, impresso.

Aqui onde não há cores, a porta continua aberta...