quarta-feira, junho 16, 2010

GRITO. Grito! grito. Grito. GRITO!
Digo Araponga (16.06.10)

Grito! Grito! Grito! GRITO!
Grito o ar estático em minha garganta
Grito o solo íngrime, sólido, árido
Grito o espetáculo que agora faço
Grito o parco e o opaco no espelho
Grito o verde de minhas vontades maduras
Grito grito um norte sem direções
Grito um norte Cem direções
Grito minhas vontades maduras, todas verdes
Grito ao espelho à cores com as cores que me faço
Grito o fechar destas cortinas
Grito o ar sob meus pés, informe e milimetricamente medido
Grito os nódulos no meu peito a escaparem pela boca
GRITO! Grito! grito! grito.
E meu grito é mudo.
Mudo como uma multidão uníssona
Uníssona como torcidas diversas, diversas e torcidas...
Mudo, meu grito é imóvel,
não encontra saídas ou entradas
passos ou percalços, trilhas ou descaminhos
inamovível, meu mudo grito é mutante
muda de mudo que é
mundano e escorreito, dança e equilibra-se
entre os medos e certezas: amarras minhas e deles
deles e minhas, nossas jamais.
Mudo, eu mudo e
embotado em mil imagens, Grito!




segunda-feira, junho 14, 2010

Amarras

E na rede de medo em que me inventei, estou farto das cordas em que me amarro: a teia frágil de incertezas de que não posso fugir, o escudo emoldurado com o qual encubro minha parca e insossa nudez, disforme, fora dos perímetros milimetricamente traçados, me descubro infante e perdido, e me recubro na imagem, já gasta, do super-herói. O tempo futuro de possibilidades, afunila-se no presente de ralidades e acumula-se num passado sem cores, sem traçado, sem risco...
E assim, risco de mim todos os riscos, esperando que de alguma forma o encomodo do frio-árrido que aqui se espraia me mova a arriscar.