segunda-feira, março 29, 2010

Eu gosto é do gosto do Gozo! (30/01/2005)
Digo


Não prefiro ser essa metamorfose ambulante,
mas nada é pior que aceitar
essa velha opinião formada sobre tudo,
ainda assim, não queria ser essa metamorfose ambulante...
prefiro não aceitar a maré
e não ser uma colcha de retalhos:
não sou um boneco de pano
nas mãos de um ventríloco,
não vivo num palco
e, no picadeiro da etiqueta, troco os talheres,
não sou pano, sou carne
embora desengonçada, desconcertada,
desconstruída, desencontrada carne,
couro e couraça
e que não se tome escudo por máscara.
Eu não sou uma metamorfose ambulante,
não sou as pessoas na sala de jantar,
não sou velho nem novo: não deixo tudo assim...
não conheço a verdade, mas meu corpo não é de criança nem de poeta,
vou andando contra o vento,
não tenho lenço ou documento,
sinceramente - não sou daqui-
preciso de dinheiro, de amigos de oxigênio, quero mais carinho:
eu também gosto de meninos e meninas,
o tempo também pára e os ratos não fazem parte de nenhum show
como também os espelhos o cheiro das mangas e os raios
– meu quintal não tem muros –
curto sexo, a TV é uma droga e pra falar a verdade prefiro o Ylê...
não sou a metamorfose, burlo a opinião,
prefiro gozar quando me convém!