terça-feira, maio 12, 2009

Metalinguagem. [De met(a)- + linguagem.] S.f. 1 Semiol. A linguagem utilizada para descrever outra linguagem ou qualquer sistema de significação: todo discurso acerca de uma língua, como as definições dos dicionários, as regras gramaticais, etc. Ex.: Chover é um verbo defectivo. [Cf. função metalingüística.] 2. P. ext. linguagem mediante a qual o crítico investiga as relações e estruturas presentes na obra literária.” – FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa. Nova Fronteira. Rio de Janeiro. 1986.


No exercício do Ato, volto-me à metalinguagem. “Eu, tantas vezes reles (...) tantas vezes vil”, revolvi titubear. Volto-me, por ora, e comigo a minha escrita, a tratar sobre outras escritas, outras impressões, expressões, tentações e atos, aos quais me ato por diversos elos, como a rede de conexões já por outrem tratada e que agora me insiro e, em momentos, voltarei a tratar. Não me arvoro pretensão alguma, sendo esta pretensa humildade já em si mesma o paradoxo em que me alicerço. Será a base semântica de tudo que virá pelas linhas seguintes, isso se a tinta dos pensamentos não for escassa ao tentar adensar o papel da vida.
Em momentos diversos me olho pelos olhares alheios, perpassando a mente na panela pressionada pelos seus próprios pensamentos até o olhar: a saída do pensamento verbalizado para a descrição do que é apenas sensível e talvez tátil – embora para aqueles que se apresente por vezes não seja(ou se faça) tátil por sensível.
Talvez, porque como descreve o menino do Fabuloso Destino haja, ali, uma construção das próprias imagens. Mas esta – a tal construção – há em todos e nele próprio também, que pela delicadeza e cuidado da escrita desenha nas imagens dos sinais vermelhos e das estranhas que se aproximam o que há nas proximidades e entranhas dos sinais de todas as cores que o compõem, entres risos, mimos, olhares, caricias...
O mesmo se passa no metaPhàrmakon, onde por outras linhas se expressa e se pondera a rede de conexões representativas de uns os que imprimem e os que impressionados exprimem suas próprias marcas e aquelas por outrem deixadas. Para além do fármaco (remédio, cosmético ou veneno) já em Fredo se usava da metalinguagem para dizer que a escrita é o Phàrmakon da língua falada, aquela sinuosa, insinuante, tenra e esguia nos diversos significados que a ela se quer dar, pode ser um remédio – e talvez, aqui, seja a cura, sim, pelas palavras – pode ser um cosmético (e, assim, seria uma mera forma por qual se trabalharia a estética do que se quer passar, comunicar) ou talvez um veneno (e, aqui, dela se extraia nem o que se escreve, nem o que se lê, mas tão só o que se quer e interessa). Certo? Errado? Significado não há, nem quem sequer possa julgar.
De outro lado há Todas as Luas, envoltas em contos feitos sobre elas mesmas, com efeitos que delas se despregam se animam, embora anímicas sejam por vezes suas inspirações. Mas, aqui, “cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é” e embora essa certeza vã seja meramente uma válvula de escape é fortaleza suficiente ao equilibrista que nela se sustenta.
Na mesma linha segue a biblioteca de sonhos e máscaras, cujo no nome revela o sentido de seus próprios retalhos, alinhavados na busca de encontrar-se a si mesmo dentre e frente aos outros: por vezes os acuados gritam!
Em outro ponto – e agora vejo que começo a me perder – um portfólio (o raficfólio) embora nada técnico em sua descrição, faz das demonstrações entre suas escolhas, um meio de dar asas à sua paixão, assim como também é feito em pensar cinema, o que se passa não é o mero informe, mas o dedilhar do que se sente...
E são diversas as sensações e o que se revela quando se menos espera: em Mô Blog o riso muitas vezes escudo desfaz-se por completo e se revela o singelo de uma liberdade procurada nos braços de outrem.
Em todas as sensações e impressões – e expressões – ainda que em sentidos diversos à para além da rede de conexões o seu próprio substrato, o saber-se doce e aconchegado ainda que o aconchego não seja o esperado.
Insiro o ato e seu exercício – mais uma vez citando o menino do Fabuloso Destino –, principalmente este exercício (e aqui está o sentido semântico que me impus nesta metalinguagem), também como máscara do sentir que é fato, posto pelo pensar que é ato e, ainda mais, é phàrmakon – veneno – não só porque só a mim interessa, mas porque é além de tudo um petitório que dos pedidos não sei expressar senão pelas vírgulas de minhas vontades, principalmente este exercício, esta metalinguagem que é auto-retrato, pincelado através das imagens alheias...

4 comentários:

N. disse...

o entendo tanto de metalinguagens, a não ser quando me reconheço. Talvez isso não seja humilde, mas é sincero. rs. brigado!

Rafic Ramos disse...

Moço, seu texto é muito bom, muito coerente... te admiro e adoro sua amizade... abração

Franklin Marques disse...

artefacto, tecnologia, linguagem... tudo isso como aporte/suporte de apresentação. Aos bem-vindos e vividos surgem imagens malabaristicas. agradeço, também, por compartilhar saberes/sabores/momentos.

Anônimo disse...

Eu metalinguagem no ato de escrever. As vezes é isso mesmo. Um pouco de disfarce, com riso, com graça. Disfarça mais e guarda.

te adoro.